O Potencial Transformador da Inteligência Artificial na Educação: Desafios e Oportunidades para a Equidade e Inclusão

O estudo "The Potential Impact of Artificial Intelligence on Equity and Inclusion in Education" publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) explora as possibilidades e os desafios que a inteligência artificial (IA) apresenta para a equidade e inclusão no contexto educativo/formativo.
O documento destaca como as ferramentas de IA, se bem aplicadas, podem transformar a educação/formação, adaptando-se às necessidades dos alunos/formandos e, simultaneamente, realça os riscos inerentes, como o aumento das desigualdades existentes devido a acessos diferenciados à tecnologia e a presença de preconceitos algorítmicos.
O estudo identifica três categorias principais de ferramentas de IA que podem ser aplicadas na educação/formação:
- Ferramentas centradas nos alunos/formandos;
- Ferramentas lideradas pelos professores/formadores;
- Outras ferramentas institucionais.
Estas categorias ajudam a compreender quem é o principal beneficiário de cada ferramenta e como estas podem ser utilizadas para promover a equidade e a inclusão.
As ferramentas centradas nos alunos/formandos, como os sistemas de tutoria inteligente, têm o potencial de oferecer experiências de aprendizagem personalizadas que respondem às necessidades individuais de cada formando. Estas ferramentas podem adaptar-se ao nível de compreensão e ao ritmo de aprendizagem dos alunos/formandos, oferecendo um apoio adicional a quem tem dificuldades ou necessidades especiais. No entanto, o estudo alerta para o facto de estas ferramentas poderem exacerbar as desigualdades se não forem acessíveis a todos os alunos/formandos de forma equitativa. O custo das tecnologias e a desigualdade no acesso à internet e a dispositivos de qualidade são alguns dos obstáculos identificados.
No que diz respeito às ferramentas lideradas pelos professores/formadores, a IA pode apoiar os professores/formadores em várias tarefas, desde a gestão de sala até à criação de materiais pedagógicos e à avaliação. Estas ferramentas têm o potencial de melhorar a eficiência dos professores/formadores, permitindo-lhes focar-se em aspectos mais complexos do ensino. Contudo, o estudo sublinha a necessidade de uma formação contínua e abrangente para os professores/formadores, de modo a garantir que eles estão capacitados para utilizar estas tecnologias de forma eficaz e ética. A comercialização da educação/formação e o risco de as ferramentas de IA servirem mais os interesses comerciais do que os educativos/formativos também são preocupações relevantes.
As ferramentas institucionais incluem sistemas que ajudam na tomada de decisões administrativas, como a gestão de admissões e a identificação de alunos/formandos em risco de abandono escolar. Estas ferramentas podem melhorar a eficiência operacional das instituições educativas e contribuir para a criação de ambientes de aprendizagem mais inclusivos. No entanto, a implementação destas tecnologias deve ser acompanhada de uma reflexão ética e de uma regulamentação rigorosa, para evitar que decisões baseadas em IA perpetuem preconceitos e injustiças.
O estudo conclui que, embora as ferramentas de IA tenham o potencial de transformar a educação/formação e promover a equidade e inclusão, é essencial abordar as questões de privacidade, ética e acessibilidade. A IA deve ser implementada de forma a respeitar a diversidade cultural e as necessidades específicas dos alunos/formandos, evitando a armadilha do "tecno-capacitismo", que vê a tecnologia como uma solução para "consertar" as pessoas "diferentes", em vez de adaptar o ambiente para as incluir.
Além disso, o estudo recomenda uma investigação contínua sobre as implicações da IA na educação/formação, especialmente no que diz respeito à sua capacidade de reduzir ou, pelo contrário, aumentar as desigualdades. A formação contínua de professores/formadores e o desenvolvimento de políticas que garantam a utilização ética e equitativa da IA são vistos como passos cruciais para que estas tecnologias possam realmente contribuir para uma educação/formação mais inclusiva e justa.
O presente estudo termina com o alerta: o potencial da
IA na educação/formação é vasto, mas para que esse potencial seja realizado de
forma justa e inclusiva, é necessário um esforço coordenado que envolva
formação adequada, regulamentação rigorosa e um compromisso ético com a
equidade e a inclusão.
Fontes: